Garimpo ilegal e condições climáticas intensificam a crise ambiental
Entre os dias 23 e 24 de julho de 2024, a Amazônia registrou um alarmante total de 1.318 focos de calor, mais do que o dobro dos 671 focos registrados no mesmo período do ano passado, um aumento de 96%. Os dados do sistema BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), revelam que, de 1º de janeiro a 24 de julho deste ano, foram contabilizados 20.221 focos de incêndio na Amazônia, estabelecendo um recorde em quase duas décadas. Esse número representa um incremento de 43,2% em comparação ao mesmo período de 2023, quando foram registrados 14.116 focos.
A situação é atribuída a vários fatores, com destaque para o fenômeno El Niño e as mudanças climáticas que intensificaram a seca na região. O Greenpeace Brasil aponta que a expansão do garimpo ilegal também desempenha um papel significativo no aumento dos incêndios. Entre janeiro e junho de 2024, foram detectados 417 hectares de novas áreas de desmatamento relacionadas à atividade garimpeira em Terras Indígenas da Amazônia. A Terra Indígena Kayapó foi a mais afetada, com 54,4% dos alertas de desmatamento, seguida pela Terra Indígena Yanomami, com 40,63%, e pela Terra Indígena Munduruku, com 4,87%.
Até o final de 2023, o garimpo ilegal já havia devastado mais de 26 mil hectares nas terras dos Kayapó, Munduruku e Yanomami, representando mais de 90% das ocorrências de garimpo em territórios indígenas no Brasil. Essa atividade predatória não só agrava a crise ambiental, como também ameaça a sobrevivência das comunidades indígenas e a biodiversidade da Amazônia.
O crescimento exponencial dos focos de incêndio e a continuidade do desmatamento ilegal evidenciam a urgência de medidas eficazes para proteger a Amazônia e os povos que habitam a região. Sem ações coordenadas e eficazes, a degradação do bioma pode ter consequências irreversíveis para o meio ambiente global e para as comunidades locais.